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Sebastião
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Por mais preocupante que seja, a saída de Evandro Guimarães menos de dez dias após assumir o comando do Campinense não pode ser encarado meramente como uma surpresa. É evidente que desde os primeiros sinais de acerto, o treinador sofreu rejeição de parcela significativa da torcida. Esse não é o problema. É preciso olhar pra trás. 

 

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Em meio aos desdobramentos da paralisação em decorrência da pandemia da Covid-19, o Campinense optou, ainda em junho, por romper o vínculo com um dos nomes mais relevantes da história do clube. A figura de Oliveira Canindé vai muito além de ser o treinador campeão da Copa do Nordeste. É um cidadão íntegro, ético, habituado a iniciar e conduzir trabalhos nos mais diversos graus de complexidade. Quem já o conheceu pessoalmente sabe que isso é verdade. Juntamente a ele, escolheu também encerrar as passagens de Pantera e Fábio Júnior, outros dois grandes ídolos deste século no rubro-negro. Embasou-se para tal no aspecto financeiro. Do fato, é sabido que o Campinense atravessa um período de vacas magras e há indicativos extraoficiais de que a folha salarial sofreu abatimento de mais de 30% com a renovação do elenco. Isso é positivo, não se pode negar. 

 

Diz o ditado que na volta, ninguém se perde. E, nesse caso, é verdade. A história deles três não se perdeu e nem se perderá no tempo. Em compensação, em se tratando do clube, a perda é gritante. Não se paga com traição a quem sempre lhe deu a mão, sob risco de sofrer e de penar. À propósito, conhecendo os “traídos”, tenho plena convicção que da parte deles não haverá festejo algum. 

 

Ao escolher Ruy Scarpino para substituir Canindé, esperou-se ter à disposição uma figura de paizão, que pudesse manter o grupo unido mesmo passando por dificuldades financeiras. E ele, de fato, o foi, só que para com a sua família biológica, o motivo pelo qual ele escolheu não voltar ao Campinense. 

 

Chegou-se então a Evandro Guimarães, que acumula trabalhos em equipes emergentes e intermediárias no Nordeste. Alguns bons, outros nem tanto. O torcedor, então, jogou contra o time e rejeitou a escolha do comandante. A diretoria bancou o nome e efetivou a contratação, mesmo diante pressão. Menos de dez dias depois e um dia após ter o nome divulgado no Boletim Informativo Diário, Evandro alegou questões pessoais e pediu para deixar a equipe. O Campinense se vê novamente sem comando técnico. Dois treinadores entregaram o boné sem nem mesmo tê-lo posto na cabeça. Isso é sério. Bem sério.

 

Socialmente, quando o indivíduo tem dificuldades de relacionamento com muitas pessoas, é bem provável que o problema esteja no indivíduo e não nas demais pessoas. E não dá pra cobrar do outro algo que você não põe prática. Evandro Guimarães não deve nenhuma gratidão ao Campinense – e nem acho que lhe faltou ética, para ser sincero. O Campinense é que deveria ter gratidão ao início de toda essa história: Oliveira Canindé. Abriu mão de quem não abria mão do clube. De quem estava disposto a caminhar de mãos dadas pisando sobre ovos até que se pudesse sonhar com passos mais largos. Agora, vê-se de mãos abanando, mais uma vez.

 

Essa peleja certamente está longe de acabar. Mas é necessário olhar para trás, para a tradição do Campinense. A história não se repete. Ela ensina e inspira. Hoje, o clube precisa compreender o momento. Juntar os cacos. Unir pessoas. Entender e assumir as limitações, sejam elas técnicas, financeiras ou administrativas. Colocar os pés no chão, encontrar o equilíbrio, para então poder olhar pra frente e tentar, mais uma vez, recomeçar. O Campinense também precisa de tratamento.

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