A Desportiva Perilima sempre foi uma espécie de saco de pancadas do futebol paraibano. Quase ninguém levava o time a sério. Os mais antigos, o pessoal das décadas de 1980 e 1990, lembram que jogar contra Nacional de Cabedelo e Santos de João Pessoa, era só para fazer os artilheiros do campeonato. Assim também acontecia com o time das sordas. O lendário Pedro Ribeiro de Lima se divertiu bastante, com a história de ser o jogador profissional mais velho em atividade. Fez até um gol, de pênalti contra o Campinense. Só que agora, a equipe parece estar passando por um processo de implementação de uma nova filosofia de trabalho e isso está servindo para fortalecer uma marca, que vinha se desgastando ao longo dos anos. No dia 9 de janeiro, em meu blog (www.basilioneto.com.br), eu profetizei: Cuidado com a Perilima. E não é que eu acertei?
Tudo bem que a estreia com derrota e, de goleada ainda por cima, mostrava que nada havia mudado. Só que dessa vez, havia algo de diferente na Águia de Campina Grande. Um modelo de gestão empresarial, considerando o clube como empresa. Daí já dá para ter uma ideia do porquê das vitórias surpreendentes, para a maioria, diante tão somente de Treze e Botafogo. Para começo de conversa, o técnico é gringo. Algo incomum em nosso estado. O mexicano Ricardo Campos já trabalhou até com Ronaldinho Gaúcho no Querétaro. Os veteranos Pantera, Manu e Marcelinho Paraíba, dão um toque de categoria, ao se unirem a outros jovens e rodados jogadores, como Tiago Silva – autor do golaço da vitória contra o ex-invicto Botafogo. Se o treinador Evaristo soubesse que ia levar uma “piza”, talvez tivesse tido um cuidado maior. A maratona de jogos em três competições não é nada fácil para o Belo, mas eles queriam continuar com o “Respeite a Autoridade”, nas redes sociais. Só que dessa vez foram “trollados” no antigo salão de festas.
A reação pós-jogo agora já foi bem diferente. Contra o Treze, o que se viu foi um tsunami de gozações, as quais os torcedores alvinegros tiveram de suportar. Dessa vez, os olhares, antes estupefatos, mudaram. Olha o respeito, seu cabra! Vão devagar nos moleques, que eles sabem jogar também. A classificação para a semifinal está logo ali. Na próxima rodada, o G2 pode ser uma realidade. Estão deixando os meninos sonharem. Depois das vitórias contra dois gigantes, o céu é o limite para a Águia. Nesse campeonato de 2019, em que o futebol da Paraíba passa por uma fase delicada de tentativa de retomada da credibilidade, nada melhor do que gratas surpresas como a Perilima, que está no caminho certo. O passo mais importante a ser dado, é a consolidação do seu nome no cenário do futebol. Isso vem com títulos, boas campanhas e a formação de uma torcida com a qual se possa compartilhar os bons e maus momentos. Time sem torcida não subsiste por muito tempo e torcedor só se conquista com troféus.
Tudo no seu tempo. Para quem está de fora, é fácil classificar essas façanhas recentes da Perilima como zebra. Mas, seguramente isso se trata de uma tremenda fake news. Zebra não existe. É apenas um resultado inesperado, em que o considerado pequeno vence o grande. Porém, por trás de mais três pontos existe uma equipe trabalhando, dando o seu melhor, gotas de suor são derramadas e vários profissionais dedicam as suas vidas, com um foco em comum. Congratulações, Perilima! O futebol respira com a sua contribuição. Tomara que em breve o reconhecimento seja dado a quem merece e vocês possam ser considerados como mais uma força de Campina Grande e da Paraíba. Eu já estou pronto para ser torcedor da Águia. Só falta comprar a camisa. Vem mais um invicto por aí. O último dos tiranossauros moicanos lá no Marizão. Não tem mais bobo no futebol, definitivamente. Nem a Perilima é mais Perilima.