Nas redes sociais, notadamente através dos comentários jocosos, descontraídos, muitas vezes debochados e carregados de ódio, podemos perceber o que norteia o pensamento de uma parcela da população brasileira. Entre os torcedores, funciona da mesma forma. É onde entra também o senso de humor e criatividade do nosso povo. Quem nunca leu numa postagem, que não tinha nada a ver com o contexto, a frase: O Palmeiras não tem Mundial? A zoeira não tem mesmo limites, embora às vezes ,devesse ter. Enquanto for sadia a brincadeira, permanece no quesito aceitável. Dizem que a torcida do Santos só tem idosos, que o Corinthians é bicampeão mundial , mesmo com uma Libertadores apenas, afirmam que o Flamengo não possui estádio e que seria pequeno diante dos outros campeões do mundo. Pode ser que por fazer 38 anos da conquista maior dos cariocas, essa galerinha mais jovem, não dê o devido valor. Tem uma molecada que acha que o mundo só passou a existir de 2000 para cá. Pelé? Quem é esse? Só sei quem são Messi e CR7. É a famosa geração dos Enzo – desinformados. Sem generalizar, claro.
Dizem que o Mengão é o queridinho da TV Globo. Caso seja verdade, são negócios, ora pois. Não se pode negar que o fato de o Rubro-Negro ter a maior torcida do Brasil, se deveu em grande parte, à exposição e o espaço garantidos na mídia. É lógico que o sucesso da equipe principalmente na década de 1980, com uma geração maravilhosa de craques comandada por Zico ,também era merecedora e digna de uma cobertura à altura. Só que mesmo após o time ter de dividir o estrelato, advindo de títulos importantes, com outras equipes, principalmente as paulistas, a idolatria permaneceu passando de geração a geração. Nos anos 90, teve um título nacional sobre o Botafogo e no século 21, Adriano, Petkovic, Andrade e companhia trataram de não deixar o brilho permanecer apenas nos arquivos de jornal, TV e YouTube. Ganharam também uma Copa do Brasil em cima do Vasco de Renato Gaúcho, outra sobre o Furacão “sintético” e perderam outras para o Santo André e Cruzeiro. É o maior vice da Copa do Brasil, com quatro “conquistas”. Nesse período, o São Paulo tornou-se tricampeão mundial, o Corinthians foi bi, teve a dupla Gre-Nal também conquistando Libertadores, assim como o Atlético Mineiro. O São Caetano foi vice, o Vasco em 98 foi o melhor das américas e o Urubu só vivendo das glórias internas.
A competição entre equipes sul-americanas vinha sendo um verdadeiro martírio, nas últimas edições. Eliminações precoces e traumáticas se acumulavam. Parecia a Holanda querendo ser campeã mundial. Havia aquela trava de segurança, um empecilho emocional em jogo. Lembram do gordinho Cabañas? E o goleiro Bruno aos prantos? Maracanã calado era rotina. Havia até já um sentimento de resignação. Passar das oitavas de final já seria o ápice. Mas, dessa vez montaram um time daqueles que tem tudo para ficar para sempre na memória do torcedor. Elenco recheado de opções e estrelas que teoricamente facilita o trabalho do treinador. É tanto que o português Jorge (Mister) Jesus tem provocado uma ciumeira grande em alguns colegas brasilianos. Argel Fucks, do CSA, falou que até Andrade e Jayme de Almeida já ganharam títulos com o Flamengo, no modo piloto automático. Renato Gaúcho também foi indelicado com o competente e nobre forasteiro. Só o fato de a cultura idiota de poupar jogador ter sido abolida ,já mostra aquilo que o futebol brasileiro precisa. Do jeito que estava não poderia continuar. Por isso, quando nossos times ganhavam a Libertadores, saíam na semifinal do Mundial. Vide Atlético e Internacional. A velha arrogância brasileira.
O futebol no Brasil se ilustra bem com aquele estilo de jogo do menino Vinícius Júnior no Real Madrid. É uma tentativa ,em vão ,de querer mostrar que é ainda é diferenciado, fazendo firulas improdutivas, com dribles desnecessários e longe da área. Quase todos os times e seleções agora sabem marcar, driblar, atacar e defender. O que fazer para tentar mostrar um algo a mais para que o futebol brasileiro possa voltar a ter os seus dias em que impunha respeito? Precisamos de mais Jorges Jesus. Inclusive na Seleção.Jogador de futebol não pode ser mimado. O que mais os atletas do Flamengo destacam é que o gringo tira deles o máximo do que eles poderiam dar. Nosso futebol pode voltar aos seus momentos áureos. Para isso, nada melhor do que iniciar esse processo, passando por um argentino. Eles que nos últimos anos vêm tocando o terror em nossos representantes. Depois disso, garanto que quem gosta do esporte bretão, embora tenha suas preferências, irá lá no fundo torcer para que sejamos bem representados e não mais passemos de uma bolinha nas mãos dos times europeus. Queremos um time brasileiro no topo do mundo e se possível sem jogar aquele futebol feio , defensivo e por uma bola, como foi em 2005 e 2012. O segredo do sucesso? Controle suas finanças, tenha dinheiro , contrate as pessoas certas e monte um time que seja aquela máquina, que deixará o seu legado , sua base para as próximas temporadas. Boa administração – esse é o maior reforço. Imaginem se forem campeões depois de 38 anos, ninguém vai aguentar o abuso dos flamenguistas. Por isso , sigo dividido em minha torcida. O cheirinho de todo jeito será aproveitado.
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