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Sebastião
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Meus amigos, para início de conversa, este que vos escreve, Ademar Trigueiro, é um apaixonado por futebol. Recentemente encontrei no fundo do guarda-roupas a minha primeira chuteira, feita sob encomenda a pedido do meu pai, tamanho 26. Isso mesmo: vinte e seis. Uma chuteirinha. Para mim retrata a paixão que, no meu caso, literalmente vem do berço, cultivada desde cedo. A princípio no seio familiar e em seguida, por meus próprios passos. Ou chutes, como queiram. Este espaço, portanto, é destinado não apenas a falar de futebol, mas falar de paixão.
Mas caríssimos, sem maiores delongas, vamos ao que nos interessa: falar do mundo da bola. O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense, atual campeão da Taça Libertadores da América, apresentou esta semana seus primeiros reforços visando a temporada 2018. E o que mais me chamou atenção não foi a infelicidade do zagueiro Paulo Miranda, ao trocar os nomes e destacar o poderio defensivo do Inter, maior rival. Claro que ele se referia o tricolor gaúcho, não ao Colorado. Certamente, o pobre Paulo Miranda quer apagar as palavras. A gafe não apaga, porém, que naquela coletiva de imprensa, havia um cidadão talvez desconhecido por muitos: Thaciano. Aos vinte e dois aninhos, o meia recebeu a camisa de número 16, imortalizada por Jardel na conquista da Libertadores de 1996. Paraibano de Campina Grande, Thaciano iniciou no futebol de salão com Giovanni Montini na Rainha da Borborema. Começou a se destacar nas divisões de base do Porto de Caruaru, atuou no sub-23 do Santos e chega ao Grêmio após marcar 10 gols na Série B de 2017, em sua segunda passagem pelo Boa Esporte-MG. Apenas seis atletas balançaram as redes mais vezes que Thaciano na Segunda Divisão do Brasileirão ano passado. Aliás, o Boa anotou 40 gols pró em toda a competição, o que significa que o meia natural de Campina Grande marcou 25% dos tentos do time mineiro. Números mais que satisfatórios.
Um outro paraibano que se destacou na Série B foi Arthur Cabral, atacante oriundo das divisões de base do Ceará. Filho de Hélio Cabral, conhecido futebolista da nossa região, Arthur balançou as redes em 4 oportunidades, ajudando o alvinegro cearense no acesso à Série A do Campeonato Brasileiro. Forte, o atacante se destacou na Copa São Paulo de Futebol Júnior, foi promovido ao elenco profissional e é visto como uma das principais promessas do Vozão.
O que teriam em comum Thaciano e Arthur, além de nascidos na mesma cidade e chegarem a clubes da Série A do Brasileirão no mesmo ano? A triste constatação: a profissionalização não veio através de clubes paraibanos. São os mais novos nomes de uma lista gigante de atletas – não ouso nem ensaiar citar alguns, para não cometer a injustiça de esquecer outros -, que precisaram sair da terrinha para encontrar valorização e oportunidade em outro lugar. Justiça também seja feita: Djavan, volante recém-chegado ao Mirassol para as disputas do Campeonato Paulista, cria do Botafogo de João Pessoa, surge como um dos, senão o principal entre atletas revelados no nosso futebol nos últimos anos. Mas ainda é pouco, é exceção. Outra justiça deve ser feita: aqui em Campina Grande, o Grêmio Serrano tem tido um cuidado especial com a molecada, fato que levou o Lobo da Serra ao vice-campeonato estadual Sub-17 e a semifinal no Sub-19. Nossa querida Paraíba é celeiro de craques. É necessário que nossos dirigentes tenham olhares mais carinhosos às divisões de base. Enquanto a gritante maioria dos clubes brasileiros investe nas bases e na revelação de novos atletas, os clubes de Campina se apegam a contratação de nomes já conhecidos. Dá pra contar nos dedos das mãos quantos foram os atletas revelados por Treze e Campinense essa década. Grosseria? Vamos aguardar para conferir a média de idade dos times titulares dos Maiorais ao decorrer da temporada. Que fique claro: não sou contrário a contratação de jogadores já consolidados, dos quais se sabe o que se pode esperar. Mas também é necessário mesclar com novos talentos, que podem agregar dentro de campo e render fora deles: aos cofres. Vale lembrar que o bicampeonato estadual do Campinense em 2015 e 2016 (que não acontecia há mais de trinta anos) teve duas importantes figuras, certamente os principais destaques das conquistas: Luiz Fernando, então com 21 anos, e Rodrigão no ano seguinte, com 22. Ambos vendidos para Cruzeiro-MG e Santos-SP, respectivamente. Podiam ser Thaciano, Arthur Cabral, Douglas Santos, Hulk e tantos outros. É preciso olhar pro começo, para as divisões de base, para os primeiros passos da nossa molecada.

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